REDATOR – Há pelo menos cinco meses são muitos os comentários que dão conta de que o senhor tem a pretensão de ser o candidato do PT à Prefeitura de Aracaju. Existe alguma fundamentação nisso?
ROGÉRIO CARVALHO – Não existe isso, até porque não se trata de uma discussão pessoal, mas sim de um conjunto de forças. Há um grupo político que elegeu Marcelo Déda prefeito de Aracaju e depois governador de Sergipe e isso possibilitou a ascensão do vice-prefeito, Edvaldo Nogueira (PC do B), à condição de prefeito. O grupo pensa que Edvaldo deve disputar a reeleição e eu, na condição de seguidor do grupo, estou com o projeto e vou para a campanha dele dar o meu apoio também.
REDATOR– O que estaria, então, motivando esse boato? Trata-se de queimação política ou do interesse de pessoas em jogar o senhor contra o prefeito Edvaldo Nogueira?
RC – Não acredito que se trate de queimação ou de interesse em jogar um contra o outro. Talvez o que esteja motivando isso seja o meu bom desempenho eleitoral em Aracaju nas eleições do ano passado. Eu obtive algo em torno de 13 mil votos na capital e outros 13 mil no interior. Fui votado em todos os municípios, o que me dá uma certa alegria. Passei cinco anos na Prefeitura de Aracaju fazendo o enfrentamento na defesa do projeto da área de saúde. Acho que é por causa disso que as pessoas lembram o meu nome para o processo sucessório municipal. Não há qualquer habilitação fora desse eixo. Estou convencido disso.
REDATOR – Recentemente, surgiram comentários dando conta de que o senhor poderia até compor a chapa de Edvaldo Nogueira na condição de vice. Há alguma conversação nesse sentido?
RC – Eu tenho um mandato de deputado estadual, dado pelo povo sergipano, e fui convidado pelo governador Marcelo Déda para a importante tarefa de ser seu secretário da Saúde. Há um projeto em andamento de viabilização do Fundo Estadual, Conselho Estadual, Fundação Estadual e definição de políticas assistenciais na área de saúde. Isso é trabalho para um mandato inteiro e o meu desejo é continuar na pasta até fazer esse sonho virar realidade, inclusive a concretização de uma reforma sanitária contando com as parcerias de prefeitos, secretários municipais de saúde, Ministério Público e toda a sociedade. Antes de março do próximo ano não estaria livre para uma outra disputa eleitoral. A minha meta é cumprir essa tarefa, o que me agrada muito, pois a minha formação é na área de saúde pública. O governador Marcelo Déda tem dado autonomia e apoio para colocar o projeto em prática. Portanto, também não serei candidato a vice-prefeito. É mais um boato.
REDATOR – Os opositores do governador Marcelo Déda têm denunciado na Assembléia Legislativa que o senhor tem abusado no uso de inexigilibidade para compras e contratação de serviços com dispensa de licitação. Isso está acontecendo? O que tem motivado?
RC – Essa é outra informação improcedente que a oposição propaga e por isso está indo para o descrédito. Logo depois de assumirmos a Secretaria de Estado da Saúde cancelamos uma série de contratos, inclusive em hospitais terceirizados do interior, e passamos a buscar qualidade e economicidade em contratos temporários. Houve falta de programação do governo anterior na aquisição de produtos, entre os quais medicamentos e material cirúrgico e até mesmo não se pensou seriamente nos pagamentos de pessoal e insumos outros. Foi isso que gerou a crise. Tínhamos contratos com valores acima dos normais e isso nós estamos corrigindo. A partir de 2008, já com tudo organizado, as dispensas de licitações serão residuais. Quanto à inexigibilidade, isso acontece porque compramos alguns itens protegidos por patentes, sob controle de um único fornecedor. Ainda assim, adotamos um fator de redução do Ministério da Saúde, que é de 24%. Em momento algum assumimos compromissos que chegam a R$ 171 milhões, como propagam por aí e os contratos assinados são provisórios e serão desfeitos quando da realização das licitações.
REDATOR– São freqüentes também as denúncias sobre a falta de medicamentos.
RC – Tivemos problemas com a falta de material médico cirúrgico por causa de especificações e qualidade. Mas neste momento não há crise no abastecimento de remédio. Alguns produtos cirúrgicos estão em fase de licitação. Logo em breve estaremos com tudo regularizado, inclusive contando com bons serviços na capital e no interior, onde os hospitais regionais e municipais serão beneficiados com atenção especial do governo Marcelo Déda.