quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

UM DOM. - MOMENTO CULTURAL

O tempo confunde o sentir
Gira a vida em sua roda invisível
Um grito irrompe da noite
No meio de uma tempestade terrível
Desponta a aurora da minha existência
O mar chama a si o desencanto
Consumidas as horas da noite
Fitam-me uns olhos em suave pranto
Mãe de águas mil
Construí um abrigo neste agreste prado
De pés nus, subi num arco-íris
Regressei tanta vez a um lar inventado
Quantas luas passaram sobre a minha cabeça?
Corri mundo, inventei sonhos e nostalgia
Sou semeador das cores do fim do dia
Um tecelão da tristeza e alegria
Trago comigo o aroma da terra
Sandálias feitas de alva espuma
Um dom cravado nesta alma singela
Um oceano de sonhos perdidos na bruma
Cavalguei ondas, infinita solidão
Espalhei pelo mundo fugidios sonhos
Perpétua saudade, segue o pensamento adiante
Dancei com anjos e seres bisonhos
Coração de basalto, qual rochedo
No meio deste mar imenso
O céu proclama uma alma esquecida
Solto nas brasas o aroma de incenso
Inventei uma casa de pedras vivas
Brindei a vida com este dom secreto
Recolhi da terra heras de lembrança
Guiou-me uma luz vinda do alto
Morei no vazio de tanto querer
Teci a vida com fios arrancados ao coração
Um Necromante, Profeta ou Bruxo
Um ser na terra com um dom dado por…divina mão…
O Profeta