terça-feira, 30 de dezembro de 2008

PSC, virtude e ambição

Como escreveu Maquiavel, o “progresso” pessoal está acima dos interesses coletivos. Ou seja, ou o governador resolve esses “atrasos” ou o PSC pode ir para o palanque de João Alves Filho em 2010.

Quem já leu Maquiavel, sabe que o pensamento dele muitas vezes é distorcido nos dias atuais, sendo comparado com algo depreciativo ou ações que são de caráter duvidoso. Quem já analisou a chamada “virtude maquiavélica”, sabe que para ele a virtude tem significados variados como valor, capacidade, engenhosidade, energia e outros em busca do bem geral. Para ele virtude pressupõe ambição, mas não apenas para o progresso pessoal.

Infelizmente, nos dias atuais, boa parte da classe política tem uma ambição, não pública, mas para resolver seus interesses particulares. Um bom exemplo disso em Sergipe, vem ocorrendo sem que muitos percebam pela imprensa nos últimos dias. O PSC, aquele partido que tem na sua siga um “peixinho”, através do deputado André Moura e do próprio presidente de honra, Amorim – que por incrível que pareça é presidente estadual do PR e ainda defende a fidelidade partidária – vêm tentando passar algo engraçado. Que a maioria do PSC deseja continuar com Déda, mas “não descarta” uma composição com o DEM de João Alves em 2010. No jornal Correio de Sergipe, Amorim saiu com uma máxima: “o governador tem cumprido com todos os compromissos firmados conosco, apesar de existirem alguns atrasos”.

Mais uma prova que, como escreveu Maquiavel, o “progresso” pessoal está acima dos interesses coletivos. Ou seja, ou o governador resolve esses “atrasos” ou o PSC pode ir para o palanque de João Alves Filho em 2010. Aliás, palanque que não deveria ter saído já que JAF e Amorim, são gêmeos siameses nas suas práticas políticas, já que um foi da cozinha do outro.

Porém, dentro do PSC, mas particularmente na bancada da AL, Amorim não encontra unanimidade. A maioria prefere continuar com o governo. Aí que entra a chamada “janela partidária temporal”, que deve ser aprovada este ano no Congresso Nacional, que possibilitará dentro de um prazo de um mês, que quem tiver mandato possa mudar de sigla. No PSC, Amorim ficará com no máximo três deputados, além de perder o único representante do PR na AL.

Dentro das lideranças do bloco que apóia o governo Marcelo Déda ninguém confia em Amorim. Lembram que no governo João Alves, como genro ele teve todos os poderes nos dois primeiros anos e depois não pensou duas vezes para trair o ex-governador. A máxima do “progresso” individual é a tônica principal de uma ilha que cresce assustadoramente, mas ao mesmo tempo está à mercê de um tsunami que pode destruir tudo que foi construído sem alicerce em pouco tempo. E a primeira onda deste tsunami pode ser a da janela partidária temporal onde, com toda certeza, diversos peixinhos vão aproveitar para pular do aquário do PSC...
Cláudio Nunes