quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A DISPUTA NO SENADO

Concluídas as eleições para prefeitos os jornais já começam a abordar as eleições para o Senado. O jornalista Jozailto avaliou a situação em matéria publicada pelo jornal Cinform, ontem, que neste blog reedito para meus leitores.

Sob o título "Senado: vagas de menos, candidatos demais, Jozailto escreve:

"Não é cedo não. Está na hora de se discutir as candidaturas de 2010 de um modo geral sim, e entre elas, naturalmente, as do Senado, para onde os sergipanos vão escolher dois representantes. Pode parecer profissionalismo, mas não é um defeito da política pensar uma eleição logo depois da outra. Planejamento requer isso. Grandes companhias pensam projetando décadas - e a política bem que poderia seguir o modelo empresarial, daqueles que são limpos. Não requer e nem aceita é que se trave o Estado, que se pare de trabalhar as ações públicas, para se articular politicamente.

E é dentro desta perspectiva de antecipação que está desfilando para os sergipanos uma série de pré-candidatos a senadores. Há pelo menos quatro candidaturas postas - e três delas de um lado só, se é que se pode considerar o grupo dos Amorim ligado a Déda: Eduardo Amorim, PSC, Antonio Carlos Valadares, PSB, Jackson Barreto, PMDB, e José Carlos Machado, DEM. Naturalmente isto deve ser menos da metade dos que tentarão um mandato dentro de menos de dois anos. Aparentemente são vagas de menos para candidaturas demais.
Mas o jogo democrático permite. Aliás, se alimenta disso. Mas quem levará os dois espaços a "vagar" com o "vencimento" dos mandatos de Valadares e Almeida Lima? Será que o agrupamento liderado por Déda tem estrutura para eleger os dois? Não estaria havendo uma subestimação do peso do agrupamento de João Alves neste contexto? Nesta ciranda de desejos, todos parecem justos, e têm uns que se sobressaem.
Por exemplo: Valadares, do alto do seu segundo mandato, com partido forte, com o vice-governador do Estado, um deputado federal, 10 prefeitos e 17 vices eleitos este ano, com 158.222 para o Executivo, se impõe como um candidato natural. Ele é o político sergipano mais longevo: tem 41 anos de mandatos. Em 1967 já era prefeito de Simão Dias. Apesar de ter tido apenas oito mandatos, estes lhe foram bem generosos, passando pelo Governo e os 16 anos de Senado a se completarem em 2010. "É o político com maior ciclo de validade eleitoral de Sergipe", diz o historiador Luiz Antônio Barreto.

Jackson Barreto pode também empunhar seu histórico na defesa de que tem o direito ao mandato da Câmara Alta: está há 34 anos no tablado, teve nove mandatos populares - de vereador a prefeito, de deputado estadual a federal - e, embora não tenha domínio orgânico de um partido como Valadares tem do PSB, viu seu PMDB sair da eleição com 13 prefeitos, seis vices e contabilizar 105 mil votos para o Executivo, além de ter apoiado muitas candidaturas de outras siglas.

O deputado federal de primeiro mandato Eduardo Amorim, PSC, é um neófito que nem teve tempo de dizer ainda a que veio na política, exceto que ele e seu irmão Edivan têm a virtude de deixar mais às claras que os demais, que política é negócio, e como tal eles a praticam.E como parte deste negócio, eles querem uma vaga de senador em 2010. Se situam entre o céu e o inferno da política sergipana, precisamente no purgatório: gerados no útero de João Alves, flertaram com Déda ainda na eleição e no começo do Governo, mas não conseguiram um lugar na confiança. Na semana passada Déda disse que quer votar em Valadares e Jackson.

O deputado José Carlos Machado é um excelente quadro da direita clássica de Sergipe, tem biografia melhor que a dos Amorim - foi estadual, foi vice-governador, e está no segundo de federal - mas é temente ao "Deus João Alves": só deve ir à eleição se o negão não for. E está certo. E é aqui que entra a fatia mais importante desta fábula de "vagas de menos, candidatos demais"; João pode registrar candidatura ao Senado, armar uma rede na Atalaia, deitar nela, tomar pra si a preguiça inteira de Macunaíma, que mesmo assim será eleito. Mas o problema está em se entender uma quixotice deste João: ele, afinal, aceitaria disputar o Senado ou se guardar para o Governo de Sergipe? Este não lhe parece um fardo pesado?"