quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A CRISE E O DEVER DE PROTEGER OS MAIS POBRES

Esta crise financeira mundial foi uma crônica da morte anunciada. A bolha da especulação, o verdadeiro cassino global que foi instalado só poderia dar no que deu. Agora querem dividir o prejuízo também com aqueles que nunca tiveram acesso ao cassino.
Ainda no primeiro semestre deste ano falei da tribuna do Senado e escrevi neste blog que, em meio a um quadro social mundial grave, em função da alta dos preços dos alimentos e, com uma crise de petróleo que veio para ficar, havia urgência de aumentar-se a produção de alimentos e industrial, para uma plena expansão do mercado interno, da renda da classe trabalhadora e da inclusão, porque era essa a nossa urgência: a dívida social.
Alertei sobre o perigo iminente, da marcha surda, lenta, subterrânea que resultaria na explosão da bolha da especulação imobiliária nos EUA, acompanhada da alta mundial do preço dos alimentos. Disse que não estaríamos blindados da economia internacional. O cassino é global e nosso país dele fez parte, basta ver os juros que ofereceu aos credores internos e internacionais.
Quando o Brasil comemorava os investimentos estrangeiros, recordes fiscais e o fato de ter sido considerado um bom país para o mundo investir, alertei que a bonança brasileira não seria permanente, porque não estávamos isolados do mundo. E insisti para que a bonança, os superávits fiscais, os ganhos nas exportações fossem usados para saldarmos nossa profunda dívida social.
As cartas da crise agora estão lançadas à mesa e é importante que o governo conte com coragem e senso de justiça social ao enfrentar esse jogo perigoso. Não podemos seguir o mau exemplo do governo Bush, que reagiu à crise lançando um pacote que vai ultrapassar um trilhão de dólares, mas com o estrito objetivo de salvar o setor financeiro, o grande responsável pela situação que hoje atinge a todos.
Acho que, no nosso caso, é preciso haver um amplo debate para que as medidas a serem tomadas protejam aquela grande massa que ainda não viu sua dívida social ser resolvida e que agora, com certeza, teme ter que pagar a conta maior da crise global.
Não vou entrar no mérito das medidas já adotadas pela equipe econômica do governo, pró-mercado financeiro. Mas considero pertinente que, na resposta à crise, sejam incluídas medidas a favor do mais fraco, medidas para aqueles que não têm defesas contra esta avalanche do capitalismo.
Que o governo se ocupe de costurar um pacote não-financeiro, um pacote social em favor do pequeno e médio produtor e daqueles que vivem de seu trabalho e não têm ações em bolsa e nem trabalham com derivativos, SWAPs e outros produtos financeiros sofisticados.


Senador Antonio Carlos Valadares PSB - SE