Notícias como “mais um jovem perde a vida vítima de acidente envolvendo motocicleta” têm sido corriqueiras em Sergipe, fazendo crescer as estatísticas de ocorrências com motos (ver box). Talvez essa não seja uma triste realidade apenas do Estado e, sim, do País, uma vez que muitas cidades do interior, sobretudo no meio rural, carecem de fiscalização dos órgãos de trânsito. Infrações graves como adolescentes dirigindo sem habilitação, motoqueiros sem capacete e até mesmo motocicletas carregando três pessoas são flagradas com facilidade.
Em Ribeirópolis, distante 75 quilômetros da capital, a infração dos motociclistas que mais tem preocupado as autoridades e a população é a velocidade que os condutores utilizam o veículo, além de muitas vezes fazerem os perigosos “pegas”. A comunidade relata que isso acontece muito na rua do cemitério principal.
A estudante Rita de Cássia Bispo dos Santos descreve como a algazarra inicia e revela que não aguenta mais tanto barulho na rua. “Geralmente é depois das 22 horas, e mais nos finais de semana. Ficam várias motos zoadando e o povo gritando. Eles passam várias vezes na frente da minha casa. É bem incômodo, mas nunca pedi para pararem. Do jeito que as coisas estão hoje, a gente tem até medo de sair na porta para falar com eles. Tem que se acostumar mesmo”, diz,
inconformada.
Rita conta que na casa onde mora existem crianças, o que torna ainda mais complicado a convivência diária com o barulho dos motoqueiros. “Os pequenos já dormem tarde, aí quando a gente consegue colocar na cama, tem essa zoada danada. Eles acordam, chorando e temos que botar para dormir de novo. Meu irmão de quatro anos fica comigo no quarto da frente, aí é que é barulheira. Ele acorda a madrugada inteira”, lamenta.
Difícil também é para a aposentada Paula José de Santana, de quase 60 anos. A idosa revela que mora há 28 anos em uma casa próxima ao cemitério e, apesar de tudo, acha a rua muito boa de se viver. “Aqui só não é melhor por causa desse bar que faz muita zoada. Nos finais de semana é ainda pior, porque tem um pessoal de moto que passa estourando tudo. Eu tenho dor na cabeça que fica uns três a quatro dias. Já não durmo direito e com o barulho é pior”, critica.
“Eu não sou de incomodar a vida de ninguém, mas incomodam a minha. Cada um vive da maneira que tem para viver. Eu fecho a minha porta e pronto. Tenho que aguentar. Não vou brigar, procurar a polícia ou ir ao fórum. A justiça dá jeito em umas coisas e outras não. A gente tem que suportar tudo na vida. Quem estiver se sentindo incomodado, feche a porta ou então que se mude”, afirma Paula, revoltada.
Adolescentes
A dona de casa Renata Brito acredita que tudo não passa de uma brincadeira de adolescentes – estripulia que pode acabar em morte. “É armada deles. Ficam colocando as motos para dar pipocos. Eu não deixo meus filhos saírem na rua à noite de jeito nenhum. Ainda por cima, essa região é um ponto de consumo de drogas. Fico com medo, fecho a casa toda e tento dormir”.
Os adolescentes do município rebatem as acusações. Eles assumem que realmente as infrações acontecem, mas não são todos os motociclistas que andam de forma errada. “Conheço muita gente que faz ‘pega’. Eu até vejo eles fazendo e sei o quanto incomoda as pessoas. Também tenho moto, mas nunca fiz esse tipo de coisa. Não ando correndo. Meu rojão é 50”, garante o jovem José da Cunha Andrade.
O estudante Anderson Santana Rezende, de 14 anos, apesar da pouca idade, admite que possui moto, porém assegura que não participa desses tipos de bagunça que fazem na rua do cemitério. “O meu primo está no meio, faz de tudo que é errado. Pega racha direto, geralmente à noite e todos os dias. Ele também fica empinando a moto e agora está até com o pé aleijado, cheio de ferro. Quanto mais cai, aí é que eles gostam”.
Tribuna
O vereador e vice-líder da oposição, Flávio Passos (DEM), já usou a tribuna da Câmara Municipal para cobrar providências à prefeitura para a construção de quebra-molas e melhor sinalização nas principais avenidas de Ribeirópolis.
O parlamentar destacou a distância entre os redutores de velocidade na saída da cidade. Flávio acredita que, como um dos quebra-molas fica próximo ao posto Ribeirão e o outro no ginásio de esportes, a distância favorece para os veículos transitarem em alta velocidade. “Existindo mais lombadas poderá reduzir os acidentes”, afirmou Flávio, acrescentando que, além de construir novos quebra-molas, é preciso melhorar a sinalização vertical, ou seja, as placas indicativas para alertar bem o motorista.
O líder da oposição, vereador Pedro do Carmo (DEM), também em plenária, pediu apoio de todos os parlamentares e da presidência da Casa para que o poder Legislativo encaminhe um novo ofício ao Departamento Estadual de Infraestrutura Rodoviária de Sergipe (DER) solicitando a construção de redutores.
Manifesto sugere medidas para o interior
Realizar campanhas educativas permanentes de trânsito com o envolvimento de governos estaduais e municipais, além das entidades não governamentais e da sociedade em geral, é uma das 14 sugestões do ‘Manifesto pela Redução de Mortes e Lesões no Trânsito – Uma Década de Ações para a Segurança Viária’. O documento foi lançado pela Comissão de Viação e
Transportes e a Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro da Câmara dos Deputados.
Um estudo técnico da Confederação Nacional de Municípios (CNM) – Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil – foi divulgado em fevereiro e teve repercussão nacional, inclusive dentro do Congresso Nacional. De acordo com o levantamento, os estados devem se preocupar com o aumento no número de casos trágicos de acidentes de trânsito que acabam com a morte de várias pessoas. Pela conclusão, em sete anos, registrou-se um aumento na quantidade de mortos por acidentes de trânsito. Essas estatísticas colocam o Brasil em uma das piores colocações no ranking mundial.
As ponderações do manifesto, que será entregue aos candidatos e ao presidente da República, objetivam reduzir a violência no trânsito. Entre elas, a sugestão de definir um Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito e a de aplicar os recursos arrecadados com multas de trânsito para financiar o Plano. O Projeto de Lei 5.525/2009 – apresentado durante a cerimônia de lançamento – institui a lei, em que a meta a ser atingida levará em consideração o número de mortes e lesões apuradas no ano anterior.
O manifesto foi elaborado pela Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro com base nas discussões ocorridas durante o 1º Seminário de Segurança no Trânsito Brasileiro. De acordo com os dados da Frente Parlamentar, o Brasil é um dos cinco países com maior número de vítimas fatais em acidentes de trânsito.
As demais recomendações do ‘Manifesto pela Redução de Mortes e Lesões no Trânsito’ são: implementar as seis recomendações do Relatório Mundial/2004 da Organização Mundial de Saúde sobre a prevenção da violência no trânsito; reforçar a liderança e a orientação das autoridades em matéria de segurança viária, incluindo a criação e o fortalecimento de uma estrutura de governo que atue na coordenação de todas as ações em defesa da vida no trânsito em todo o país; adotar recomendação da Organização Mundial de Saúde a fim de que, anualmente, um terço dos condutores sejam fiscalizados, especialmente por meio do teste do bafômetro; efetuar esforço especial para desenvolver e implementar políticas e soluções de infraestrutura para proteção dos usuários das vias de circulação, em particular os mais vulneráveis, como pedestres, ciclistas, motociclistas, usuários do transporte público e os dependentes, como crianças, idosos e deficientes.
Em Ribeirópolis, distante 75 quilômetros da capital, a infração dos motociclistas que mais tem preocupado as autoridades e a população é a velocidade que os condutores utilizam o veículo, além de muitas vezes fazerem os perigosos “pegas”. A comunidade relata que isso acontece muito na rua do cemitério principal.
A estudante Rita de Cássia Bispo dos Santos descreve como a algazarra inicia e revela que não aguenta mais tanto barulho na rua. “Geralmente é depois das 22 horas, e mais nos finais de semana. Ficam várias motos zoadando e o povo gritando. Eles passam várias vezes na frente da minha casa. É bem incômodo, mas nunca pedi para pararem. Do jeito que as coisas estão hoje, a gente tem até medo de sair na porta para falar com eles. Tem que se acostumar mesmo”, diz,
inconformada.
Rita conta que na casa onde mora existem crianças, o que torna ainda mais complicado a convivência diária com o barulho dos motoqueiros. “Os pequenos já dormem tarde, aí quando a gente consegue colocar na cama, tem essa zoada danada. Eles acordam, chorando e temos que botar para dormir de novo. Meu irmão de quatro anos fica comigo no quarto da frente, aí é que é barulheira. Ele acorda a madrugada inteira”, lamenta.
Difícil também é para a aposentada Paula José de Santana, de quase 60 anos. A idosa revela que mora há 28 anos em uma casa próxima ao cemitério e, apesar de tudo, acha a rua muito boa de se viver. “Aqui só não é melhor por causa desse bar que faz muita zoada. Nos finais de semana é ainda pior, porque tem um pessoal de moto que passa estourando tudo. Eu tenho dor na cabeça que fica uns três a quatro dias. Já não durmo direito e com o barulho é pior”, critica.
“Eu não sou de incomodar a vida de ninguém, mas incomodam a minha. Cada um vive da maneira que tem para viver. Eu fecho a minha porta e pronto. Tenho que aguentar. Não vou brigar, procurar a polícia ou ir ao fórum. A justiça dá jeito em umas coisas e outras não. A gente tem que suportar tudo na vida. Quem estiver se sentindo incomodado, feche a porta ou então que se mude”, afirma Paula, revoltada.
Adolescentes
A dona de casa Renata Brito acredita que tudo não passa de uma brincadeira de adolescentes – estripulia que pode acabar em morte. “É armada deles. Ficam colocando as motos para dar pipocos. Eu não deixo meus filhos saírem na rua à noite de jeito nenhum. Ainda por cima, essa região é um ponto de consumo de drogas. Fico com medo, fecho a casa toda e tento dormir”.
Os adolescentes do município rebatem as acusações. Eles assumem que realmente as infrações acontecem, mas não são todos os motociclistas que andam de forma errada. “Conheço muita gente que faz ‘pega’. Eu até vejo eles fazendo e sei o quanto incomoda as pessoas. Também tenho moto, mas nunca fiz esse tipo de coisa. Não ando correndo. Meu rojão é 50”, garante o jovem José da Cunha Andrade.
O estudante Anderson Santana Rezende, de 14 anos, apesar da pouca idade, admite que possui moto, porém assegura que não participa desses tipos de bagunça que fazem na rua do cemitério. “O meu primo está no meio, faz de tudo que é errado. Pega racha direto, geralmente à noite e todos os dias. Ele também fica empinando a moto e agora está até com o pé aleijado, cheio de ferro. Quanto mais cai, aí é que eles gostam”.
Tribuna
O vereador e vice-líder da oposição, Flávio Passos (DEM), já usou a tribuna da Câmara Municipal para cobrar providências à prefeitura para a construção de quebra-molas e melhor sinalização nas principais avenidas de Ribeirópolis.
O parlamentar destacou a distância entre os redutores de velocidade na saída da cidade. Flávio acredita que, como um dos quebra-molas fica próximo ao posto Ribeirão e o outro no ginásio de esportes, a distância favorece para os veículos transitarem em alta velocidade. “Existindo mais lombadas poderá reduzir os acidentes”, afirmou Flávio, acrescentando que, além de construir novos quebra-molas, é preciso melhorar a sinalização vertical, ou seja, as placas indicativas para alertar bem o motorista.
O líder da oposição, vereador Pedro do Carmo (DEM), também em plenária, pediu apoio de todos os parlamentares e da presidência da Casa para que o poder Legislativo encaminhe um novo ofício ao Departamento Estadual de Infraestrutura Rodoviária de Sergipe (DER) solicitando a construção de redutores.
Manifesto sugere medidas para o interior
Realizar campanhas educativas permanentes de trânsito com o envolvimento de governos estaduais e municipais, além das entidades não governamentais e da sociedade em geral, é uma das 14 sugestões do ‘Manifesto pela Redução de Mortes e Lesões no Trânsito – Uma Década de Ações para a Segurança Viária’. O documento foi lançado pela Comissão de Viação e
Transportes e a Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro da Câmara dos Deputados.
Um estudo técnico da Confederação Nacional de Municípios (CNM) – Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil – foi divulgado em fevereiro e teve repercussão nacional, inclusive dentro do Congresso Nacional. De acordo com o levantamento, os estados devem se preocupar com o aumento no número de casos trágicos de acidentes de trânsito que acabam com a morte de várias pessoas. Pela conclusão, em sete anos, registrou-se um aumento na quantidade de mortos por acidentes de trânsito. Essas estatísticas colocam o Brasil em uma das piores colocações no ranking mundial.
As ponderações do manifesto, que será entregue aos candidatos e ao presidente da República, objetivam reduzir a violência no trânsito. Entre elas, a sugestão de definir um Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito e a de aplicar os recursos arrecadados com multas de trânsito para financiar o Plano. O Projeto de Lei 5.525/2009 – apresentado durante a cerimônia de lançamento – institui a lei, em que a meta a ser atingida levará em consideração o número de mortes e lesões apuradas no ano anterior.
O manifesto foi elaborado pela Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro com base nas discussões ocorridas durante o 1º Seminário de Segurança no Trânsito Brasileiro. De acordo com os dados da Frente Parlamentar, o Brasil é um dos cinco países com maior número de vítimas fatais em acidentes de trânsito.
As demais recomendações do ‘Manifesto pela Redução de Mortes e Lesões no Trânsito’ são: implementar as seis recomendações do Relatório Mundial/2004 da Organização Mundial de Saúde sobre a prevenção da violência no trânsito; reforçar a liderança e a orientação das autoridades em matéria de segurança viária, incluindo a criação e o fortalecimento de uma estrutura de governo que atue na coordenação de todas as ações em defesa da vida no trânsito em todo o país; adotar recomendação da Organização Mundial de Saúde a fim de que, anualmente, um terço dos condutores sejam fiscalizados, especialmente por meio do teste do bafômetro; efetuar esforço especial para desenvolver e implementar políticas e soluções de infraestrutura para proteção dos usuários das vias de circulação, em particular os mais vulneráveis, como pedestres, ciclistas, motociclistas, usuários do transporte público e os dependentes, como crianças, idosos e deficientes.
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