Mestre dos factóides
Almeida Lima dá entrada em processo pedindo a anulação das eleições municipais de 2008.
Almeida Lima dá entrada em processo pedindo a anulação das eleições municipais de 2008.
O senador Almeida Lima, PMDB, é um homem vaidoso. De ternos bem cortados e uma fala pausada, quase monótona, ele gosta de defender suas convicções com eloqüência e não aceita ser contrariado, mesmo quando toda a pompa não passa de um verniz para encobrir suas reais intenções políticas.
Quem não se lembra de sua insistente defesa do colega Renan Calheiros, que apesar de todas as provas de corrupção amplamente denunciadas pela imprensa, ganhou apoio cego do senador sergipano. Mas Almeida não dá ponto sem nó. A defesa poderia lhe render uma valiosa ajuda nas eleições para prefeito de 2008. Ele saiu candidato batendo numa única tecla. A do surto de dengue que assolou Aracaju no início do ano passado. Quem via Almeida falar da dengue poderia jurar que ele desejava a continuação do surto, pois quanto mais casos, mais ele colheria repercussão para sua campanha.
Mas as urnas foram ingratas com Almeida. Ele acabou em terceiro lugar, atrás do vitorioso Edvaldo Nogueira, PCdoB, e do deputado federal Mendonça Prado, DEM. Inconformado com a derrota, o senador se calou. Mas o estilo pavão de Almeida Lima não o impediu de buscar mais um factóide. Factóides são invencionices meio sem cabimento. Coisas que a imprensa ou políticos criam e transformam em verdades absolutas.
Meio que por pirraça ou por não saber perder, Almeida Lima tenta agora anular a eleição de 5 de outubro com a alegação de que houve problemas nas urnas que emitiram boletins com nomes de outros candidatos a prefeito. Embora o assunto já tenha sido dado por encerrado pela Justiça Eleitoral, o senador insiste que foi prejudicado pelos números. Poucos acreditam em algum sucesso na sua ação. Mesmo que seja feita uma recontagem de votos, Almeida não teria um número suficiente para ultrapassar Edvaldo. O atual prefeito foi reeleito com 51,72% dos votos válidos. Almeida abocanhou apenas 17,73%.
Segundo foi divulgado em um site na internet, Almeida Lima trabalha com dois advogados de Brasília e São Paulo, bem como técnicos em informática, na coleta de possíveis provas para a anulação. O senador, por enquanto, faz silêncio. Faz parte de sua estratégia se manter quieto, bancar o magoado e dar a impressão de que o processo é em nome da sociedade e não uma querela pessoal.
Independente do resultado, Almeida Lima já deve se contentar. O real objetivo é aparecer até a criação do próximo factóide que provoque a abertura de sua cauda de pavão. Até lá, ele podia refletir sobre o que um dia falou Benjamim Franklin:
“O orgulho que se alimenta da vaidade termina em desprezo”. As urnas já mostraram que sim.
Cinform
Olha, essa frase acima cai bem para alguns politicos de nosso município...