No dia 25 de maio passado, o ex-governador João Alves Filho esteve visitando Itabaiana, minha cidade, oportunidade em que deu entrevista ao radialista Francis de Andrade, através do programa Realidade, que vai ao ar através da Rádio Itabaiana FM, de segunda a sexta-feira, a partir do meio-dia.
Confesso que não ouvi toda a longa entrevista que se esticou até depois das três horas da tarde, mas parte dela sim. Alguns compromissos me impediram de acompanhar tudo, entretanto, confesso também, que apesar da minha curiosidade de ouvir o que Dr. João tinha para dizer, talvez, a falta de tempo foi providencial, pois, pelas amostras do que escutei, não sei se valeria a pena ouvir tantas asneiras figuradas em apelos indecentes e inverdades.
Isso mesmo! Lamentavelmente, eu, que independente de partidarismo, esperava do ex-governador uma entrevista de alto nível, condizente com a de um homem maduro, com larga experiência na vida pública, e, portanto, capaz de expor crítica produtiva e um projeto de governo moderno e eficaz - já que ele se diz não aposentado, mas disposto, novamente, a disputar o cargo de governador de Sergipe - , fiquei extremamente frustrado. Certo de que Dr. João continua sendo um político arcaico, apelativo e sem projeto político.
No início da entrevista, foi horroroso como o ex-governador explorou a doença da sua mulher, a senadora Maria do Carmo Alves. Todos sabemos que ela esteve muito doente, e que, apesar da recuperação, sua saúde ainda inspira cuidados. O que, sinceramente, lamentamos! Contudo, apesar deste quadro, não é admissível o que Dr. João fez, pois, não se limitou a comentar o triste fato - que certamente se justificaria dado a curiosidade popular por se tratar de pessoa pública -, mas a fazer drama e apelo com um largo e demorado relato, associando-o a política, com deliberado intuito de usar o fato para tirar dividendo eleitoreiro, comovendo as pessoas. Chegou ao absurdo de alegar que o seu drama de marido chocado com a enfermidade da esposa é a causa de não estar melhor politicamente, em se tratando de índice de pesquisa e contato com as suas bases. E disse mais: segundo ele, durante os últimos dois anos e meio, foi a única pessoa indicada para estar com a esposa, e nesse seu afã de convencer o ouvinte-eleitor de que deveria se sensibilizar com o seu drama de estar afastado tanto tempo dos afazeres político, chegou ao argumento ridículo de desprezar o amor imensurável que existe entre mãe e filhos, além do dever natural de mútua assistência entre estes, alegando que só ele (Dr. João) poderia cumprir a missão (de acompanhar D. Maria), já que os seus filhos têm vida própria e não seriam pessoas indicadas para tal.
Ora, que é digno e louvável que o esposo seja companheiro de verdade, inclusive nos momentos de dor, não se questiona, mas daí a dizer ser correto que um sexagenário experiente aproveite de um momento de entrevista com cunho político, para se auto-promover na condição de marido perfeito, narcisista, messiânico, relatando a doença da sua própria amada, e, paralelo a isso, fazer associação a pedido de clemência... compaixão política, não é concebível. Ao contrário, é reprovável. É algo que passa mui distante da ética, seja em respeito a familiar, ou a política.
No mais, em outros trechos da entrevista, além de ser acéfala de proposta, praticamente só dois assuntos dominaram.
Em um, Dr. João só fez ataques ao Presidente Lula, dizendo que lhe perseguiu. E foi tão entusiasmado nesta alegação, que quem ouviu percebeu que ele achou Lula mais carrasco com ele, que Hítler com os Judeus. E quis ironizar, perguntando se o Presidente Lula fez alguma coisa por Itabaiana, pois ele dizia desconhecer. Certamente, neste momento, a sua desinformação sobre Itabaiana, ou a sua aminésia política crônica, fez-lhe esquecer da extensão da Universidade Federal de Sergipe, da Escola Técnica Federal, da Farmácia Popular, do Parque Nacional Serra de Itabaiana e outras coisinhas realizadas pelo Presidente.
Em outra oportunidade, além de continuar sem proposta de governo, passou a fazer comparações ridículas, como se os sergipanos do agreste que lhe ouviam estivessem esquecidos dos seus três recentes mandatos. Dr. João disse que atualmente o Estado está desgovernado: a segurança pública sem rumo; a saúde em situação caótica; o turismo relegado ao esquecimento; o custeio da máquina pública excessivo e etc... etc... Sempre dentro de uma perspectiva sinistra. E por outro lado, gabava os seus tempos de governador, dizendo que a segurança do povo sergipano era plena, e citou exemplo garantindo que no Sertão, naquelas épocas de ouro, as ovelhinhas dos pequenos agricultores andavam sozinhas pelas estradas vicinais e com a mesma tranquilidade que ele tinha, quando fazia Cooper na orla da capital. Disse ainda que a saúde era uma perfeição, pois os hospitais, inclusive os do interior, citando o regional de Nossa Senhora da Gloria, funcionavam perfeitamente. Sobre a educação, falou maravilhas, e apresentou dados de fazer crer que as escolas públicas em suas gestões foram especialmente marcadas por tratamento vip. E discorreu ainda dizendo que a polícia, em seu governo, foi tratada com respeito, especialmente garantindo-lhe total liberdade de manifestação. Disse que as casas de taipa foram extintas. Que o abastecimento de água era pleno e etc... etc... Sempre dentro de uma perspectiva de gestão perfeita.
Ora, tudo isso seria até cômico, não fosse trágico. O ex-governador parecia estar brincando, com pilhéria, agindo com irresponsabilidade política, e assim tratando o povo da minha terra como se fosse bobo, facilmente embromado, salvo no caso específico da tranqüilidade da ovelhinha, mas não porque estava livre de ser roubada, e sim por não ser dotada de inteligência para entender o perigo que corria.
De tudo isso, concluo: por mais pessimista que alguém seja, e veja na gestão do governador Marcelo Déda dificuldades e até eventuais tropeços, a gestão deste é muito mais eficiente em relação àquelas que o ex-governador patrocinou, além de ser proba. Comparar os governos e dizer que agora estamos vivendo o inferno, e antes no céu, é provocação a nossa inteligência. E por isso, pela falta de projeto, pelos apelos indecentes e mentiras mal contadas, certamente que o povo de Sergipe saberá responder ao Dr. João na hora certa.
*Olivier Chagas, Vereador/PT-Itabaiana.
Confesso que não ouvi toda a longa entrevista que se esticou até depois das três horas da tarde, mas parte dela sim. Alguns compromissos me impediram de acompanhar tudo, entretanto, confesso também, que apesar da minha curiosidade de ouvir o que Dr. João tinha para dizer, talvez, a falta de tempo foi providencial, pois, pelas amostras do que escutei, não sei se valeria a pena ouvir tantas asneiras figuradas em apelos indecentes e inverdades.
Isso mesmo! Lamentavelmente, eu, que independente de partidarismo, esperava do ex-governador uma entrevista de alto nível, condizente com a de um homem maduro, com larga experiência na vida pública, e, portanto, capaz de expor crítica produtiva e um projeto de governo moderno e eficaz - já que ele se diz não aposentado, mas disposto, novamente, a disputar o cargo de governador de Sergipe - , fiquei extremamente frustrado. Certo de que Dr. João continua sendo um político arcaico, apelativo e sem projeto político.
No início da entrevista, foi horroroso como o ex-governador explorou a doença da sua mulher, a senadora Maria do Carmo Alves. Todos sabemos que ela esteve muito doente, e que, apesar da recuperação, sua saúde ainda inspira cuidados. O que, sinceramente, lamentamos! Contudo, apesar deste quadro, não é admissível o que Dr. João fez, pois, não se limitou a comentar o triste fato - que certamente se justificaria dado a curiosidade popular por se tratar de pessoa pública -, mas a fazer drama e apelo com um largo e demorado relato, associando-o a política, com deliberado intuito de usar o fato para tirar dividendo eleitoreiro, comovendo as pessoas. Chegou ao absurdo de alegar que o seu drama de marido chocado com a enfermidade da esposa é a causa de não estar melhor politicamente, em se tratando de índice de pesquisa e contato com as suas bases. E disse mais: segundo ele, durante os últimos dois anos e meio, foi a única pessoa indicada para estar com a esposa, e nesse seu afã de convencer o ouvinte-eleitor de que deveria se sensibilizar com o seu drama de estar afastado tanto tempo dos afazeres político, chegou ao argumento ridículo de desprezar o amor imensurável que existe entre mãe e filhos, além do dever natural de mútua assistência entre estes, alegando que só ele (Dr. João) poderia cumprir a missão (de acompanhar D. Maria), já que os seus filhos têm vida própria e não seriam pessoas indicadas para tal.
Ora, que é digno e louvável que o esposo seja companheiro de verdade, inclusive nos momentos de dor, não se questiona, mas daí a dizer ser correto que um sexagenário experiente aproveite de um momento de entrevista com cunho político, para se auto-promover na condição de marido perfeito, narcisista, messiânico, relatando a doença da sua própria amada, e, paralelo a isso, fazer associação a pedido de clemência... compaixão política, não é concebível. Ao contrário, é reprovável. É algo que passa mui distante da ética, seja em respeito a familiar, ou a política.
No mais, em outros trechos da entrevista, além de ser acéfala de proposta, praticamente só dois assuntos dominaram.
Em um, Dr. João só fez ataques ao Presidente Lula, dizendo que lhe perseguiu. E foi tão entusiasmado nesta alegação, que quem ouviu percebeu que ele achou Lula mais carrasco com ele, que Hítler com os Judeus. E quis ironizar, perguntando se o Presidente Lula fez alguma coisa por Itabaiana, pois ele dizia desconhecer. Certamente, neste momento, a sua desinformação sobre Itabaiana, ou a sua aminésia política crônica, fez-lhe esquecer da extensão da Universidade Federal de Sergipe, da Escola Técnica Federal, da Farmácia Popular, do Parque Nacional Serra de Itabaiana e outras coisinhas realizadas pelo Presidente.
Em outra oportunidade, além de continuar sem proposta de governo, passou a fazer comparações ridículas, como se os sergipanos do agreste que lhe ouviam estivessem esquecidos dos seus três recentes mandatos. Dr. João disse que atualmente o Estado está desgovernado: a segurança pública sem rumo; a saúde em situação caótica; o turismo relegado ao esquecimento; o custeio da máquina pública excessivo e etc... etc... Sempre dentro de uma perspectiva sinistra. E por outro lado, gabava os seus tempos de governador, dizendo que a segurança do povo sergipano era plena, e citou exemplo garantindo que no Sertão, naquelas épocas de ouro, as ovelhinhas dos pequenos agricultores andavam sozinhas pelas estradas vicinais e com a mesma tranquilidade que ele tinha, quando fazia Cooper na orla da capital. Disse ainda que a saúde era uma perfeição, pois os hospitais, inclusive os do interior, citando o regional de Nossa Senhora da Gloria, funcionavam perfeitamente. Sobre a educação, falou maravilhas, e apresentou dados de fazer crer que as escolas públicas em suas gestões foram especialmente marcadas por tratamento vip. E discorreu ainda dizendo que a polícia, em seu governo, foi tratada com respeito, especialmente garantindo-lhe total liberdade de manifestação. Disse que as casas de taipa foram extintas. Que o abastecimento de água era pleno e etc... etc... Sempre dentro de uma perspectiva de gestão perfeita.
Ora, tudo isso seria até cômico, não fosse trágico. O ex-governador parecia estar brincando, com pilhéria, agindo com irresponsabilidade política, e assim tratando o povo da minha terra como se fosse bobo, facilmente embromado, salvo no caso específico da tranqüilidade da ovelhinha, mas não porque estava livre de ser roubada, e sim por não ser dotada de inteligência para entender o perigo que corria.
De tudo isso, concluo: por mais pessimista que alguém seja, e veja na gestão do governador Marcelo Déda dificuldades e até eventuais tropeços, a gestão deste é muito mais eficiente em relação àquelas que o ex-governador patrocinou, além de ser proba. Comparar os governos e dizer que agora estamos vivendo o inferno, e antes no céu, é provocação a nossa inteligência. E por isso, pela falta de projeto, pelos apelos indecentes e mentiras mal contadas, certamente que o povo de Sergipe saberá responder ao Dr. João na hora certa.
*Olivier Chagas, Vereador/PT-Itabaiana.