quinta-feira, 4 de abril de 2013

São Miguel do Aleixo: Máscaras do mistério

Início de madrugada. Sábado de Aleluia. Assim começa os festejos folclóricos em São Miguel do Aleixo, Sergipe. A partir das 00h:00 da sexta feira da paixão começa o que é chamado de Alvorada.
 
Pessoas se juntam a um grupo de músicos cantando músicas folclóricas ou adaptadas do folclore. Durante o percurso, uma pequena multidão vai se formando, pessoas de todas as idades se juntam à Alvorada. Os cantores e “tocadores” param nas casas de alguns moradores, ficam cantando as músicas folclóricas e fazendo repentes com o nome dos moradores. Em meio à pequena multidão, duas figuras surgem para alegrar a caminhada. Um boi e outra figura conhecida como Jaraguá ambas as figuras já vistas em manifestações folclóricas no Brasil. No momento em que as figuras entram em cena, começam os cantores a ritmar uma das músicas folclóricas, que também é das mais antigas.

“Chegou chegou,
chegou meu boi agora.
Se quiser que eu brinque
eu brinco não querendo eu vou embora.”
“Derrube o lenço do Jaraguá, apanhe o lenço do Jaraguá...”

No sábado de Aleluia, no período da tarde acontece a manifestação mais conhecida, o cortejo dos Caretas. A festa é uma tradição na cidade, acontece desde a década de 60, sendo tal manifestação a de maior destaque na cidade. Um grupo de homens se veste com trajes femininos e máscaras de monstros, e em suas mãos ficam recipientes com tinta para sujar os transeuntes que por perto do grupo passar.

Outra música cantada é:

“O dia amanhece/ o sol já clareou,
Bata palma minha gente que os Caretas chegou.”

A manifestação é de uma grande ambiguidade de interpretações. Muitas dúvidas pairam sobre a origem e primeiro significado de tal manifestação. A historiadora Josevânia Fonseca, em sua monografia de especialização ("Máscaras entre a ordem e a transgressão...": aspectos da formação de São Miguel do Aleixo (1964-1984).) olhou a manifestação por uma visão inovadora na cultura popular.
 
A historiadora parte da interpretação de um ritual dionisíaco, onde as caretas representariam não só o deus Dionísio que vestia roupas femininas para fugir de uma perseguição quando criança, como também dos rituais em homenagem a tal deus, onde os que participavam da festa usavam máscaras.
 
A manifestação é bem recepcionada por toda a cidade e também pelos visitantes que sempre voltam depois de presenciarem os festejos.
Por: Edivan Santos