terça-feira, 15 de junho de 2010

O Globo: Noblat diz que 8 de cada 10 políticos admitem que Dilma não perde mais

O fato de um jornalista consagrado, no caso o nosso bom Ricardo Noblat, revelar uma verdade simples como a que vai dita aí no título desta matéria, não deveria merecer destaque ou qualquer comentário. Mas, merece, pela boa razão de que isto é absolutamente incomum no Globo, especializado em camuflar, omitir e distorcer as notícias que deveria fornecer de forma lisa e clara a seus leitores.

As razões desse inusitado e gradual reencontro com a verdade dos fatos, veremos mais adiante. Porque, antes, é preciso dizer que Noblat enxergou a realidade, mas não a entendeu. Ele atribui a inevitável vitória de Dilma, que só não ocorrerá se houver “um imprevisto ou clamoroso erro”, à extraordinária popularidade do presidente Lula, associada a suas não menores ousada e “falta de escrúpulo”.

Mas é só isso? Não passa pela cabeça do experiente colunista que José Serra é responsável por pelo menos cinquenta por cento do sucesso da adversária? Se formos por esse caminho, é possível que Noblat concorde que Serra é antipático, especialista nas baixarias de campanha, truculento até com seus companheiros (?) de partido e de jornada, além de espantosamente inábil. Mas ainda assim, nossos emérito colunista passaria longe do fato essencial: o discurso obsoleto do tucano.

A própria alma de Noblat não permite que ele veja isso, porque seu próprio discurso é idêntico ao de Serra. Mas que discurso é esse? É o discurso que impôs seus paradigmas Mundo fora, a partir da queda do Muro de Berlin e da derrocada do Sistema Soviético. Levantando a bandeira correta das liberdades individuais, os neoliberais (tentei evitar essa denominação, mas não foi possível) empurraram, de contrabando, a noção de que as liberdades do cidadão estão engatadas com a liberdade do Capital cada vez menos produtivo e mais agiota. Este bicho feio se esconde por trás dos nossos direitos legítimos para impor a Ditadura do Mercado. Ditadura que, excludente na sua essência, é absolutamente incompatível com tais direitos e, de quebra, destrói a Natureza de forma vertiginosa e incontrolável.

Há dois anos a Grande Crise Norteamericana devasta um a um todos os paradigmas neoliberais. Só os alucinados da Globo e da CBN não vêem isso. Mas para a anônima maioria dos cidadãos vai ficando cada vez mais claro que nossos direitos e liberdades essenciais só estarão a salvo quando passarmos uma coleira pelo pescoço do mercado insano que produz apenas por produzir (acumular) sem levar em mínima consideração as reais necessidades do homem, como indivíduo e como Humanidade.

A chamada A Maioria Silenciosa, que medeia a Esquerda e a Direita declaradas, age por intuição e de forma muitas vezes insuspeitadas. Não raro ela pende para a direita, como foi o caso da eleição do Collor. Outras ocasiões, como agora, ela dá importante inflexão à esquerda. E não só no Brasil como no Mundo.

Só um desinformado em último grau não percebe que não sãos os governos, mas o Sistema que está sendo contestado em Atenas, em Madri, em Budapeste ou em São Francisco da Califórnia. E não se requer um grande QI para notar que há semelhança entre estes movimentos atuais e os que ocorreram nos anos 60 e 70 do século passado. Na época, houve fantástica liberação dos costumes e emancipação de grandes seguimentos sociais. Agora, talvez, a tônica seja pela abolição da escravidão assalariada.

Faltou fazer uma referência às razões desse aparente e gradual reencontro da Globo com a verdade. É que eles não são bestas e sabem até onde podem ir. Em 89, depois da manipulação criminosa do último e fatídico debate entre Lula e Collor, a Direção da empresa chamou o petista para conversar. Foi uma conversa que entrou pela madrugada, durante a qual foram derrubadas algumas garrafas de uísque. Lula é um negociador nato, meio abusado, mas tem o coração mole. A verdade é que eu não consigo imaginar a turma da Globo bebendo uísque com a Dilma.

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